Neste exato momento, há alguém precisando de sangue. É provável que você não saiba quem é, não saiba seu nome, nem onde mora. Como não há substituto ao sangue, o doador é considerado a peça-chave do processo, a força motriz da engrenagem que move os bancos de sangue do mundo todo. Aí está a importância de ser doador. 
Serlene Dias de Rosso, 48 anos, é funcionária do Banco de Sangue do Hospital de Caridade de Santa Maria e convive diariamente com o drama das famílias que dependem da boa vontade de outras pessoas na busca por doadores. Ela resolveu colaborar com a causa. Doadora de sangue há aproximadamente 11 anos, foi em dezembro de 2007 que ela conseguiu um dos feitos de que mais se orgulha: foi a primeira mulher a doar, no banco do Caridade, plaquetas por aférese (procedimento no qual entra o sangue por uma máquina, a plaqueta é separada e o restante dos componentes do sangue voltam para o doador). Ela repete o procedimento ao menos duas vezes ao mês.
_ Eu via o desespero das pessoas todos os dias em busca de doadores para os seus familiares ou amigos. Atendia o telefone e, do outro lado, sempre tinha alguém quase implorando por uma doação. É muito gratificante saber que estamos ajudando alguém. Me sinto uma privilegiada em poder doar _ comenta.
A estudante de Fisioterapia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Bruna Elise Messias, 21 anos, é outro exemplo de quem firmou o compromisso com a solidariedade. Em 2012, aos 18 anos, ela doou sangue pela primeira vez, no colégio onde estudava.
A partir daquele dia, Bruna resolveu se tornar doadora regular do Hemocentro Regional. Ela contou com uma motivação extra: em dezembro de 2012, a jovem viu nos jornais a notícia da morte do gaúcho Orestes Golanovski, considerado o maior doador de sangue do Brasil, contabilizando 187 doações.
_ Quando vi a notícia e a história dele, achei tão legal e bonito que resolvi tomar como exemplo de vida. Eu já tinha a intenção de continuar doando, mas este fato me motivou a seguir em frente e ter o mesmo compromisso. Algum dia, quem sabe, serei uma recordista de doações também _ declara.
Quando fazer o bem está no sangue
Com apenas uma bolsa de sangue coletado, é possível ajudar a salvar quatro vidas. E essa é a motivação principal de quem doa um pouco do seu tempo para um ato de amor. Apesar de, para muitas pessoas, a doação significar um pequeno gesto de solidariedade que pode ser a esperança de muitos pacientes para continuar vivendo, a realidade mostra que a maioria dos doadores que comparecem aos bancos de sangue de Santa Maria não retorna para uma segunda doação.
Com base nas informações do banco de dados das coletas de sangue do Hemocentro Regional e do Banco de Sangue do Hospital de Caridade em 2014, é possível traçar um perfil do doador de sangue na cidade (veja à esquerda). De acordo com relatórios, de janeiro a outubro, percebeu-se que a maioria dos doadores em Santa Maria são homens (63,38%), com idades entre 16 e 29 anos (50,29%).
_ Em linhas gerais, isso nos mostra que o doador de sangue é jovem, universitário ou recruta do quartel. São aqueles que normalmente vêm doar pela primeira vez quando entram na faculdade ou quando estão entrando no Exército _ aponta Carla Coelho, diretora do Hemocentro Regional de Santa Maria.
Além disso, são maioria, também, os doadores de reposição e que doam pela primeira vez. Ou seja, 60,93% dos doadores que se dirigem aos bancos de sangue na cidade são pessoas que fazem uma doação direcionada a alguém específico e que, em 54,36% das vezes, doa pela primeira vez. Os doadores esporádicos e de repetição somam 46,64%, o que significa que a minoria das pessoas doa sangue regularmente.